quinta-feira, 30 de abril de 2015

''KTAADN''

A natureza ali era algo selvagem e terrível, embora belo. Eu olhava maravilhado para o solo por onde passava, para ver o que os Poderes tinham feito ali, a forma, o feitio e o material de sua obra. Essa era a Terra da qual tínhamos ouvido falar, feita do Caos e da Noite Antiga. Ali não havia jardim humano, mas o globo indomado. Não era prado, nem pastagem, nem campina, nem floresta, nem planície, nem terra fértil, nem deserto. Era a superfície fresca e natural do Planeta Terra, como foi feita para sempre - para ser a moradia do homem, dizemos -, assim a Natureza a fez e o homem pode usa-la, se conseguir. O homem não deve ser associado a ela. Era a Matéria, vasta, terrível - não sua Mãe Terra de que ouvimos falar, não para que ele a palmilhe, ou para ser enterrado nela - não, seria familiar demais até deixar seus ossos jazer ali -, o lar, isso, da Necessidade e do Destino. Sentia-se claramente a presença de uma força não inclinada a ser boa para o homem. Era um lugar de paganismo e ritos supersticiosos, para ser habitado por homens mais próximos das rochas e dos animais selvagens do que nós. [...] O que é ser admitido num museu, ver uma miríade de coisas particulares, comparado com ser apresentado à superfície de alguma estrela, a alguma matéria dura em sua casa! Eu admiro meu corpo, essa matéria à qual estou preso tornou-se tão estranha para mim. Não temo espíritos, fantasmas, dos quais sou um - isso meu corpo pode -, mas temo corpos, tenho medo de encontra-los. O que é esse Titã que me possui? Conversa de mistérios! Pense em nossa vida na natureza - diariamente apresentados à matéria, entrando em contato com ela - rochas, árvores, vento em nossas faces! A terra sólida! O mundo verdadeiro! O senso comum! Contato! Contato! Quem somos nos? Onde estamos? HENRY DAVID THOREAU

''E o homem
plantou florestas,
cavou encostas,
buscou respostas.

E o homem
fez do mundo seu espelho,
refletiu seu exagero,
e seu próprio desespero.

E o homem
criou desertos,
de água, areia e pedra,
fez cimento,
e ergueu seus próprios monumentos.''
JONNY F. - Poeta decadente. De: Poesias ao pé do vento. Publicado por: ninguém.

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